O slime, diversão do momento para crianças e até para os adultos, pode ser a causa de intoxicações graves, queimaduras e até interferências na fertilidade.
Se você está atualizado sobre o universo infantil ou até mesmo se não convive com uma criança, já deve ter escutado sobre, ou ter presenciado a nova febre mundial que tomou conta da criançada. O slime, ou geleca, já se tornou parte da rotina dos pais e filhos, já que mesmo com a possibilidade de ser comprado, o divertido é colocar a mão na massa e fabricar a sua própria mistura, incluindo ingredientes que podem variar desde produtos comestíveis até os químicos. Nessa prática, aparentemente inofensiva e que rende muita diversão, moram riscos silenciosos que podem trazer danos à saúde de sua família.
Mas afinal, por que o Slime faz tanto sucesso? Ele é uma versão atual daquela antiga massinha de modelar que usávamos nas brincadeiras. Essa variante moderna, por sua vez, é gelatinosa e traz como diferencial a obtenção de uma variedade de cores, brilhos e texturas que atraem os olhares atentos dos pequenos. A brincadeira se inicia quando a criança começa a fabricar seu próprio slime, algo nada muito difícil para a era da informação. A febre é tanta que milhares de vídeos e instruções pipocam internet afora, no Youtube, Instagram e em outras redes sociais que cada vez mais cedo fazem parte da realidade dos pequenos.
Além de divertida, a geleca estimula o crescimento da criança, desenvolvendo suas capacidades cognitivas e sensoriais, de raciocínio e, principalmente, a criatividade. A brincadeira se torna praticamente uma terapia, com a possibilidade de a massinha ser livremente esticada, amassada e manipulada.
Mas é preciso ficar atento! Fazer seu próprio slime, apesar de ser uma forma muito divertida de unir a família, pode trazer sérios danos à saúde de quem a manipula.
Para a confecção do slime caseiro, utilizam-se alguns produtos que deixarão a mistura elástica para moldar. Dentre os ingredientes mais comuns para a confecção do slime caseiro, podemos citar desde o gel para cabelos, espuma de barbear, água boricada, aquela usada no tratamento de irritações nos olhos, e bicarbonato de sódio até componentes de produtos de limpeza, como o borato de sódio, também conhecido como Bórax.
Dependendo de sua quantidade e tempo de exposição, o Bórax pode ocasionar intoxicações, manifestadas por meio de náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia com coloração esverdeada/azulada, cianose (coloração azulada que a pele e mucosas podem desenvolver) das extremidades ou central, hipotensão (pressão arterial inferior à normal), perda de consciência e até choque cardiovascular. Não é atoa que a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – considerou este componente como pertencente à classe toxicológica II, ou seja, altamente tóxico.
Em um estudo realizado pela Which?, no Reino Unido, com onze marcas de slime, oito delas apresentaram níveis de boro, que é o elemento químico tóxico do Bórax, acima do permitido. Neste mesmo estudo foi identificado que o boro pode trazer sérios danos à fertilidade das mulheres e riscos para o feto em casos de contato por parte de gestantes.
Outros estudos já realizados e casos identificados de crianças que apresentaram intoxicações e queimaduras pela exposição ao boro, acende a discussão sobre esse brinquedo e alternativas para sua fabricação. Para aqueles que desejam comprar ou para quem prefere fabricar seu próprio slime, é primordial checar antes e ter certeza da idoneidade do fabricante, bem como se o produto é apropriado para a criança, de modo que não afete sua integridade. É ideal que os ingredientes sejam testados e certificados por Organismos capazes de identificar não conformidades, acreditados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para atestar a segurança do produto à criança e a quem o manipular. O selo de Segurança do Brinquedo, com as logomarcas do INMETRO e do Organismo certificador, é a informação necessária para o consumidor.
O INNAC – Instituto Nacional de Avaliação da Conformidade em Produtos integra este grupo de organismos capacitados para assegurar que o produto não trará riscos à saúde dos pequenos. Com uma atuação séria e prezando pela imparcialidade, segurança e solidez dos ensaios realizados, atua no mercado de brinquedos e outros produtos desde 2008, garantindo a segurança dos produtos comercializados.
Ao comprar brinquedos, verifique o selo, se tem a marca do INNAC, tem garantia de brincadeira segura e saudável.
Técnico de Certificação