Nos dias 22 e 23 de fevereiro, chefes de laboratórios designados para ensaios no PBE fotovoltaico (Programa Brasileiro de Etiquetagem), em diversas regiões do País, participaram de uma reunião técnica no Inmetro, para discutir o setor e apresentar suas demandas para aprimoramento do trabalho.
A ação faz parte do projeto bilateral Fortalecimento da Infraestrutura da Qualidade para Energias Renováveis e Eficiência Energética, realizado em parceria entre o Inmetro e o Instituto Nacional de Metrologia alemão (PTB).
Entre 2016 e 2019, o Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha vai investir 500 mil euros na cooperação técnica, que tem como objetivo fortalecer a Infraestrutura da Qualidade no Brasil, apoiando o desenvolvimento de fontes renováveis de energia e o estabelecimento de medidas de eficiência energética baseadas em medições confiáveis.
Os processos de geração de energia são uma das componentes técnicas do projeto. O objetivo é estabelecer referências para o setor fotovoltaico e rastreabilidade para as medições de vento, para expandir as fontes alternativas de energia no País.
Durante a reunião com os laboratórios designados para o setor fotovoltaico, foi discutida a possibilidade das calibrações de piranômetros e pireliômetros, ambos instrumentos para medir a intensidade da radiação solar, serem feitas no Brasil e não no exterior, como acontece atualmente. “O Inmetro deve ter uma célula de referência, para que os laboratórios não tenham que enviar as suas para o exterior”, explicou Lieselotte Seehausen, responsável pelo projeto no PTB. Para energia eólica, o Instituto já tem os instrumentos de medição da velocidade do vento (anemômetros) e realizou um treinamento com o instituto alemão, sendo necessário, agora, implementar a rastreabilidade para os laboratórios acreditados.
De acordo com a chefe da Divisão de Metrologia Óptica (Diopt) e responsável técnica no Inmetro para as ações do projeto na área de óptica, Iakyra Couceiro, hoje o Instituto conta com células emprestadas do PTB e pode atuar em três vertentes: levar as células fotovoltaicas doadas pelo PTB aos laboratórios com simulador solar para fazer a medição das células fotovoltaicas dos laboratórios designados; fazer uma avaliação espectral das células dos laboratórios designados na Divisão de Metrologia de Materiais (Dimat) e montar um sistema, na própria Diopt, para medir células fotovoltaicas outdoor. Uma outra proposta é implantar a metodologia de medição de célula fotovoltaica indoor, usando como base o Sistema de Responsividade Espectral, já montado na Diopt. “A finalidade desses encontros é que os profissionais que trabalham em medições fotovoltaicas possam se conhecer, discutir as atividades realizadas e, principalmente, juntar esforços para implementar, no País, a cadeia de rastreabilidade na área”, afirmou.
Programação
No dia 22 de fevereiro, o primeiro dia de reunião técnica, o chefe do Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), Roberto Zilles, fez uma apresentação sobre medições presentes no regulamento de avaliação da conformidade. Ele falou sobre metodologia de incerteza de medição, revisão de valores de incerteza dos instrumentos e programas de intercomparação de medições.
Em seguida, Alcir Faro da Puc-Rio, falou sobre aplicações na área fotovoltaica e Hans Peter Grieneisen, consultor científico do Inmetro, e Edson Afonso, chefe da Divisão de Metrologia Elétrica (Diele), explicaram a rastreabilidade das medições ópticas e elétricas.
No segundo dia de evento, o foco foi o PBE fotovoltaico. Alexandre Novgorodcev e Pedro Costa, da Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf), apresentaram o histórico e a situação atual do programa, além de terem feito uma análise crítica e discutido a proposta de aperfeiçoamento dos Requisitos de Avaliação da Conformidade para sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica.
Distribuição e consumo
Outros componentes técnicos do projeto bilateral Brasil e Alemanha são os processos de distribuição e de consumo de energia elétrica. A estabilidade da rede é monitorada por Unidades de Medição Fasorial (PMU), que são instrumentos que medem a qualidade da energia para controlar as cargas nas linhas. Para que seus dados sejam consistentes e confiáveis, é fundamental que sejam calibradas de forma adequada. No que diz respeito à distribuição, o projeto visa, portanto, estabelecer o controle metrológico desses instrumentos pelo Inmetro.
Por fim, o Instituto irá apoiar municípios selecionados a modernizarem seus sistemas de iluminação pública, por meio da utilização da tecnologia LED. A primeira prefeitura a receber o treinamento será a de Porto Alegre. “A ideia é que os técnicos treinados se tornem, também, multiplicadores do conhecimento”, falou Iakyra.
Ainda em março os representantes da capital gaúcha serão capacitados. Eles receberão informações para o processo de aquisição e qualificação de luminárias LED, visando a um consumo mais eficiente. “A luminária LED é cara na aquisição, mas o cálculo fecha se ela durar as horas anunciadas pelo fabricante”, explicou Lieselotte. Dessa forma, um guia técnico deve defender que investimentos sejam realizados em produtos confiáveis e adequados.Fonte: INMETRO