As crianças desde o nascimento até 4 meses de idade não possuem ainda habilidades motoras necessárias para brincar com brinquedos, mas gostam de objetos de exploração e entretenimento.
Nessa idade são atraídas por elementos multissensoriais e são capazes de reconhecer os pais, principalmente pela fala.
O aparato orgânico do sistema auditivo está pronto desde o nascimento, mas necessita de maturação neurológica e experiências sensoriais para que se desenvolvam as funções auditivas.
As crianças demonstram muita sensibilidade aos sons ambientais por conta da imaturidade e falta de experiências. Desde o nascimento as crianças reagem a esses sons e à fala humana. Por volta de dois meses, a maioria dos bebês fica quieta quando ouvem vozes familiares. Por volta dos três meses localizam e respondem aos sons e apresentam vocalizações que podem estar relacionadas a sensações de bem estar, como o banho e a alimentação: viram a cabeça na direção de um som e são mais atraídos por objetos que emitem sons que lhes são conhecidos por fazerem parte de sua rotina. Um aspecto de fundamental importância relacionado com a audição na primeira infância é o reflexo acústico, também chamado reflexo estapédico. O limiar do reflexo do músculo estapédico é a menor intensidade sonora capaz de provocar sua contração, que vai proteger as estruturas internas do ouvido. A contração muscular é sempre bilateral mesmo que o estímulo auditivo seja apresentado em uma única orelha. Dessa forma, é possível captar o reflexo na mesma orelha em que o estímulo foi apresentado ou na orelha oposta. Para que esse mecanismo seja ativado, há necessidade do bom funcionamento, não só das estruturas do sistema auditivo mas também das envolvidas no sistema nervoso. Todo este sistema de proteção contra sons muito intensos leva algum tempo, em torno de três meses, para funcionar na criança. Em outras palavras, a criança de menos de três meses não tem uma proteção automática contra ruídos excessivos, que as crianças mais velhas e também nós adultos possuímos. Assim sendo, podemos avaliar um determinado som como inofensivo, porque temos o reflexo acústico que “fecha” nosso ouvido, mas a criança pequena não tem. No início do programa de certificação obrigatória de brinquedos, por volta de 1995, havia no mercado nordestino animaizinhos de vinil, destinados a crianças de berço, fornecidos por um fabricante tradicional. Amostras colhidas para a certificação foram reprovadas por gerarem ruído com intensidade maior que o limite da norma. A norma de segurança de brinquedos apresenta requisitos a serem medidos num laboratório acreditado, através de equipamento de medição de intensidade sonora chamado decibelímetro:
– limite de pressão sonora de pico (curva C) de 110 dB (decibéis), e limite de pressão sonora de um único evento (curva A) de 85 dB. O fabricante corrigiu os produtos, que ficaram adequados à norma. Entretanto, alguns clientes reclamaram que o som tinha ficado muito baixo, e descreveram o problema: “ Quando se apertava o brinquedo, o “bichinho” que está deitado no berço não “pula” assustado, mas isso é que é divertido”. Na verdade, o irresponsável pai estava comprovando a falta do reflexo estapédico de seu filho, que pulava e se assustava com a dor causada por ruído excessivo, no caso do brinquedo reprovado.
Devemos então respeitar os requisitos da norma, fazendo com que não seja danificado o processamento auditivo central, que se refere à série de processos que envolve a análise e interpretação do estímulo sonoro. Habilidades como detecção, discriminação, localização, figura-fundo e reconhecimento de sons fazem parte desse processo. Uma criança que seja portadora de desordem do processamento auditivo apresenta dificuldade em lidar com as informações que chegam pela audição, podendo manifestar prejuízos quanto à fala, leitura, escrita, linguagem e comportamento social. Fica assim enfatizada a importância do cuidado em proteger o sistema auditivo das crianças.
Vejamos os principais brinquedos com características acústicas:
Para a primeira idade, de recém-nascidos até seis meses de idade:
– Móbiles sonoros; brinquedos com figuras e formas diversas para colocar suspensos sobre o berço fora do alcance da criança; embora passivos, influenciam o bebê, distraindo e acalmando.
– Chocalhos: permitem estabelecer a relação entre movimento e som, como primeiro passo para a coordenação motora.
– Caixas de música: brinquedos de pendurar ou colocar próximo a berço, com acionamento feito por adulto: a melodia suave influencia o bebê, acalmando.
– Tapetes de atividades, ginástica de berço: estruturas aéreas com objetos pendurados para a criança alcançar, agarrar ou bater: geram ruídos provocados pelo movimento, podendo ser uma combinação de chocalho com aparelho musical
– Brinquedos de apertar, feitos de material macio ou flexível, com guizo ou apito interno: produzem desenvolvimento da coordenação motora, ao sincronizar o movimento com a produção de ruído.
A partir de seis meses:
– Veículos simples e animais com rodas, que se movimentam fazendo sons combinados com luzes coloridas: atraem a atenção ao movimento combinado com o som, começando o processo de conhecimento do mundo ao redor.
– Teclados simples ou brinquedos portáteis com botões que ativam luz e som: aprendizado da relação entre ação dirigida e resultado, provocando satisfação na sua realização.
A partir de doze meses:
– brinquedos para martelar, imitações de bancadas de marceneiro: associam movimento, golpes e som, aperfeiçoando a coordenação motora.
– brinquedos animados mecânicos, movidos a pilha ou bateria, com sons variados, tais como apitos e sirenes: relacionamento do som com a atividade de faz -de- conta.
– veículos e volantes imitando atividade de direção de carros, barcos e naves, com ruídos associados: simulação da atividade adulta correspondente, que começa a ser assimilada por imitação.
– brinquedos musicais: instrumentos musicais simples, pianos, violões, tambores, tamborins, pandeiros, gaitas, cornetas e outros: início da imersão da criança no universo musical.
A partir de 24 meses:
– aparelhos audiovisuais de imitação, telefones, tocadores de mídias portáteis, celulares infantis, microfones e karaokês: geração de sons imitando o mundo adulto.
A partir de 3 anos:
– tapetes eletrônicos, iniciação da correlação da coreografia com a música.
Além destas categorias, a partir dos 7 anos, as crianças desenvolvem a harmonia musical, possuem interesse por aulas formais de música, leem partituras, tocam instrumentos musicais reais e gostam de cantar em corais e grupos.
Participam, como os adultos, da fascinação dos shows musicais, dos ritmos variados, das canções dos artistas da moda.
Os brinquedos musicais, como os demais brinquedos, estão sujeitos à certificação obrigatória, conforme regulamentação do INMETRO.
O INNAC – INSTITUTO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM PRODUTOS – certifica brinquedos.
Devemos sempre confiar na certificação do INNAC.
Engenheiro Especialista