Uma rápida busca pela palavra grafeno no Google e não resta dúvida de que é grande a expectativa em relação ao potencial revolucionário do material, em especial para a indústria de eletrônicos. O Inmetro, por meio da Divisão de Metrologia de Materiais (Dimci/Dimat), é um dos principais centros brasileiros inseridos no tema e mantém parcerias com outras universidades e instituições para o desenvolvimento de projetos e pesquisas.
O grafeno é um material composto por átomos de carbono, com propriedades que justificam o fato de ser considerado o futuro da tecnologia: é leve e finíssimo, altamente resistente (muito mais forte que o aço, por exemplo), maleável, barato e ótimo condutor de calor e de eletricidade.
Materiais de grafeno produzidos na Dimat.
Para ser amplamente utilizado, no entanto, alguns desafios precisam ser superados. Um deles, de acordo com a pesquisadora da Dimat Joyce Araújo, é a padronização do material. O Inmetro desenvolve pesquisas nessa linha, assim como órgãos congêneres como o NPL (Reino Unido) e o Nist (Estados Unidos). “Falta material de referência para que seja comercializado em larga escala. Isso passa por pesquisas para identificar quais são as técnicas mais adequadas que devem ser utilizadas para garantir as propriedades desejadas”, explicou. Além disso, deve ser garantida não só a qualidade do material, mas a produção em grande quantidade para aplicações industriais.
Na Divisão de Metrologia de Materiais, as principais linhas de pesquisa que utilizam grafeno estão relacionadas a dispositivos eletrônicos, sensores de pressão, nanocompósitos e sensores eletroquímicos para fármacos. O total domínio pelo Inmetro da produção e purificação do grafeno chama atenção de outras instituições, interessadas em estabelecer parcerias para o desenvolvimento de trabalhos conjuntos. “A interação é benéfica. Temos parceiros em grafeno, não os vejo como grupos concorrentes”, falou Joyce.
Na última semana, a Dimat recebeu a visita de representantes do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM): o contra-almirante Paulo Roberto da Silva Xavier, a comandante Branca, a tenente Priscila Richa e o comandante Tadeu Henrique dos Santos. É a segunda visita do IPqM ao Inmetro, com o objetivo de identificar possíveis convergências para desenvolvimento de trabalhos conjuntos na área naval.
Visitantes conhecem o microscópio eletrônico de transmissão de alta resolução – TITAN
“A Marinha quer entrar na área de grafeno. Estamos vendo o que pode ser feito e identificamos dois atores importantes: o Mackenzie e o Inmetro. Com o Inmetro já temos um protocolo de intenções assinado”, afirmou o contra-almirante. A equipe do IPqM foi apresentada à metodologia de produção dos materiais de óxido de grafeno e visitou os laboratórios das divisões de Metrologia de Materiais (Dimat) e de Metrologia Acústica e Vibrações (Diavi).
Para verificar a aderência entre as pesquisas desenvolvidas pelo Inmetro e pela Marinha, o contra-almirante Paulo Roberto convidou a equipe da Dimat para conhecer o IPqM, o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e o centro de tecnologia nuclear da Marinha, em São Paulo. A ideia é que, depois de identificados os pontos convergentes, seja estabelecido um plano de trabalho específico, com ações que vão desde capacitações conjuntas até o desenvolvimento de projetos mais complexos.
Fonte: INMETRO