Anualmente, diversos casos de acidentes com crianças, inclusive fatais, decorrentes do tombamento de móveis e eletrodomésticos, como TVs, são registrados em todo o mundo. No Brasil, onde já foram identificados alguns relatos, o Inmetro está à frente de uma campanha de conscientização, com o intuito de alertar pais, responsáveis, classe médica e instituições de ensino infantil sobre o perigo, integrando uma ação global com 19 países, a ser realizada entre 6 e 10 de novembro. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), criadora da campanha, que reúne os regulamentadores dos países que são referência em segurança infantil, como os Estados Unidos, Canadá, Austrália e os da União Europeia.
A intenção do Inmetro é que os responsáveis tenham consciência dos riscos causados pelo tombamento de móveis e eletrodomésticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma criança morre a cada duas semanas em decorrência desse tipo de acidente. É fundamental que o Brasil atue alinhado a outros países, a fim de ampliar este alerta para um risco que ainda pode ser desconhecido para muitas pessoas.
A prevenção é a principal ação a ser tomada: esse tipo de acidente pode ser evitado. É importante verificar em casa, por exemplo, se móveis como estantes, cômodas e racks estão bem fixos à parede. Outra ação simples é ‘ancorar’ TVs e outros eletrodomésticos de grande porte, prendendo-os à parede ou ao móvel com abraçadeiras ou suportes adequados. Nada, porém, substitui a supervisão dos pais e responsáveis: as crianças são curiosas e tendem a subir no mobiliário para tentar alcançar algum objeto. É preciso estar sempre atento.
Como parte da campanha, material informativo com dicas de prevenção será divulgado no site do Inmetro e nos das entidades parceiras, além das mídias sociais, nas quais será usada a hashtag #fixaí.
Pesquisa nacional
Entre julho e agosto, o Inmetro realizou uma pesquisa para mapear os índices de acidentes vinculados ao tombamento de móveis e TVs. Do total de participantes da pesquisa, 93% afirmaram já ter visto ou tomado conhecimento de casos de crianças escalando móveis. Entre estes, foi alto o percentual dos que afirmaram ter sabido de casos de crianças que sofreram acidentes porque o móvel ou a TV tombou sobre elas (77%). O levantamento revela ainda serem bastante elevados os percentuais de lesões leves em decorrência de tombamento de móveis ou TV (43,1%) e de lesões graves ou fatais (21,2%), o que reforça a necessidade de campanhas de conscientização como esta.
Medidas regulatórias
O Inmetro vai aprofundar o estudo sobre os riscos oferecidos pelo produto para avaliar se cabe adotar alguma medida regulatória adicional. No momento, reúne informações sobre o assunto por meio de benchmarking internacional e dados recebidos de acidentes no Brasil. A própria campanha de conscientização é uma forma de o Instituto intervir no setor e alterar o comportamento dos consumidores com foco no uso seguro de móveis e eletrodomésticos. É essencial, ainda, que todos os casos de acidentes sejam relatados no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (Sinmac), pela internet, para ajudar o Instituto a decidir se cabe ou não uma futura regulamentação que cubra todos os casos passíveis de risco.
Cenário global
O Brasil, por intermédio do Inmetro, faz parte do Grupo de Trabalho de Segurança de Produtos de Consumo (Working Party on Consumer Product Safety), coordenado pela OCDE e composto pelas autoridades regulamentadoras das principais economias do mundo. Com isso, mantém-se na fronteira dos debates conduzidos internacionalmente no âmbito da proteção da saúde e da segurança do consumidor. No cenário global, regulamentadores de segurança de produtos trabalham ativamente na sensibilização da sociedade quanto aos perigos relacionados ao tombamento de móveis e TVs, e vêm registrando dados sobre este tipo de ocorrência:
– Nos Estados Unidos, segundo a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (Consumer Product Safety Commission – CPSC), há um relato com morte a cada duas semanas, em decorrência da queda de mobiliário ou eletrodoméstico sobre crianças. Os acidentes fatais ocorrem por sufocamento (a vítima fica presa sob o objeto e não consegue respirar), pelo choque/golpe ou por esmagamento. Esse tipo de acidente leva uma criança ao pronto-socorro a cada 30 minutos. A cada ano, mais de 22 mil crianças, com até 8 anos de idade, dão entrada em atendimento hospitalar de emergência com ferimentos decorrentes do tombamento de móveis nos EUA;
– No Canadá, entre 2011 e 2017, foram reportados 19 incidentes envolvendo o tombamento de mobiliário (três mortes – de crianças abaixo de 6 anos; oito casos de ferimentos e oito relatos de defeitos nos produtos), além de 234 atendimentos em pronto-socorro relacionados à queda de móveis e TVs (95,7% envolviam vítimas abaixo de 10 anos e em 46,6% dos casos as crianças haviam escalado os móveis);
– Na Austrália, foram registradas 22 mortes de crianças abaixo de 9 anos causadas pela queda de móveis e TVs desde 2001, e, anualmente, esse tipo de acidente leva 2.650 pessoas ao hospital (sendo 72% delas crianças abaixo de 9 anos e 56% abaixo de 4 anos);
– No Japão, fora, registrados mais de 40 casos de ferimentos decorrentes da queda de móveis entre 2010 e 2017;
– Já na Coreia do Sul, a Agência Coreana do Consumidor (KCA) recebeu 201 relatos de ferimentos decorrentes desse tipo de acidente desde 2014, sendo 54,7% dos casos relacionados a crianças de 0 a 14 anos.
Dicas de segurança: fique atento
– Fixe na parede ou no chão os móveis que corram o risco de tombar, como estantes e cômodas;
– Coloque a TV num móvel robusto e estável, adequado para suportar seu tamanho;
– Prenda a TV ao móvel com abraçadeiras para evitar que o aparelho deslize (e, para garantir a segurança, afixe-a à parede);
– Ao afixar TVs de tela plana diretamente na parede, num painel ou num móvel, siga as instruções do fabricante para garantir que elas estejam presas de forma segura;
– Se você tem em casa algum aparelho de TV de tubo de grande porte, coloque-o num móvel baixo e estável. Caso não o utilize mais, considere reciclá-lo;
– Em casos de acidentes de consumo envolvendo este tipo de produto ou qualquer outro acidente envolvendo um produto ou um serviço, faça o relato no Sinmac (www.inmetro.gov.br/sinmac).
Fonte: INMETRO