“Atenção, mulheres: algumas marcas de batom contêm chumbo em alta concentração e podem causar câncer. Não usem!”. Quem nunca recebeu uma mensagem com esse tipo de conteúdo ou foi marcado nas redes sociais? Notícias como essa têm circulado na internet, alertando sobre a quantidade de chumbo na composição dos batons e quanto ao risco de provocar câncer. Além disso, o Inmetro tem recebido, por meio de sua Ouvidoria, mensagens questionando a veracidade dessa informação. Diante desse cenário, o Instituto realizou uma avaliação de batons disponíveis no mercado de consumo, no que diz respeito ao atendimento aos critérios estabelecidos na legislação para a concentração de chumbo e a questões de saúde para o consumidor.
Como o chumbo se acumula no corpo com o tempo, a dúvida que surge é se a aplicação frequente e diária de batons que contenham chumbo pode representar a exposição a níveis significativos da substância e, consequentemente, causar risco à saúde. Os critérios e a metodologia aplicados na análise foram previamente discutidos com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulamentador do produto, e com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), na condição de representante do setor produtivo.
Os ensaios foram realizados em dois laboratórios: o Setor de Laboratório de Análise Inorgânica (Labin), da Divisão de Metrologia Química e Térmica, vinculada à Diretoria de Metrologia Científica e Tecnológica do Inmetro, localizado no Campus de Xerém (Duque de Caxias, RJ), e o Laboratório de Alimentos – Setor de Elementos Inorgânicos do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde – INCQS/Fiocruz, laboratório de referência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ensaios em cosméticos, localizado no Rio de Janeiro.
Marcas – Foram selecionadas 15 marcas de batons de diferentes cores, tipos e procedência: Avon Ultra Color; Contém 1g Make-up; Dailus Pop Art; Jasmyne; MAC Matte Lipstick; Maybelline Colorsensational; Natura Faces; O Boticário Make B; Oceane Ale de Souza; Payot Colors Up; Quem disse, Berenice?; Revlon Colorburst; Sephora; Tracta HD, e Vult Make Up.
Resultado – O teor de chumbo das amostras analisadas estava abaixo dos valores recomendados pelo regulamentador brasileiro, seguindo uma tendência mundial. Os resultados demonstram que a tendência dos batons comercializados no Brasil é de possuírem um nível máximo de chumbo menor que 5 mg/kg e que a maioria possui um teor máximo de 1 mg/kg. Este resultado é consistente com outros estudos realizados em outros países, como Estados Unidos e Japão.
Diante da toxicidade do chumbo para a saúde humana, é natural que os consumidores se preocupem quando recebem mensagens, alertando sobre a quantidade de chumbo na composição dos batons. No entanto, pelos resultados encontrados nesta análise, percebe-se que as notícias são infundadas. A notícia falsa – o chamado “hoax” (boato) – não é novidade na internet. As “fake news” circularam no WhatsApp, no Facebook e em blogs com o objetivo de propagar boatos pela internet de forma que a informação distorcida chegue ao maior número possível de pessoas.
Assim, o Inmetro alerta para a importância de se checar a fonte da informação que chega pela internet. Além disso, especificamente com relação aos batons, é importante chamar atenção das usuárias para que na hora da compra verifiquem se a empresa possui registro de produtos cosméticos na Anvisa.
Fonte: INMETRO